Publishing is one of CHAM's main lines of action, aiming at disseminating original works of academic interest and contributing to a wider dissemination of the scientific activity conducted at (or in partnership with) the Centre.
O manuscrito, agora publicado em edição diplomática, pertence ao acervo da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e intitula-se Memória de tudo o que existia nas casas da Secretaria, da Revisão, do Tribunal e da Contadoria do Subsídio Literário pertencentes à RMCG, extinta pela lei de 17 de Dezembro de 1794. Para dar conta do que se fez em virtude da comissão e em conformidade das ordens do Senhor Marquês Mordomo-Mor, Ministro e Secretário de Estado. Trata-se de uma peça fundamental para a História do Livro e da Censura Literária em Portugal. O documento, de natureza oficial, revela, ao longo de mais de 200 fólios, de forma minuciosa, a par da organização administrativa e burocrática daqueles tribunais, a prática censória, no período de actividade das duas Reais Mesas (1768-1794).
Inédito, segundo cremos, é porventura o mais completo documento relativo às áreas de competência destes tribunais, oferecendo perspectivas várias de análise, pelo que sempre o considerámos mais um ponto de partida do que um ponto de chegada, em termos de investigação científica.
The corpus da literatura clandestina que foi possível organizar a partir das relações de livros reprovados, proibidos e suprimidos, encerrados na Casa da Revisão da Real Mesa da Comissão Geral para o Exame e Censura dos Livros, e que consta de mais de 1000 espécies, é a primeira visão de conjunto do que se proscreveu em Portugal no século XVIII.
Pensado para servir de apoio à leitura da Memória, este Corpus poderá tornar-se, sem quebra de rigor, um útil instrumento de trabalho para investigadores de várias áreas científicas.
The Bibliografia Médica Lusa. Obras impressas em Portugal no século XVIII, vem complementar o inventário bibliográfico do livro médico em Portugal até ao século XVIII. Constitui o catálogo de livros de medicina mais amplo em comparação ao período anterior (séculos XV a XVIII) e às bibliografias publicadas até agora.
Além de propiciar um instrumento para futuras investigações, reflecte um aspeto da história das ideias e das práticas científicas em Portugal numa época de transição, marcada por continuidades e rupturas. Leva ao leitor uma descrição bibliográfica corrente com informações diversas sobre elementos determinantes da cultura editorial científica do Antigo Regime, mas também, sempre que se encontraram, as referências paratextuais de cada obra e os dados referentes aos controlos do livro.
O catálogo, organizado cronologicamente, é introduzido por um estudo sobre “As fronteiras do bibliógrafo” em que se aborda as principais problemáticas levantadas por este trabalho. Vários índices remissivos ajudam à pesquisa dentro dos itens sobre aspectos habituais, mas também, mais específicos, tais como os principais tópicos, o tipo de impresso ou os nomes de autores que eram médicos dos cárceres do Santo Ofício.
Este volume multilingue convida a uma reflexão em torno da ideia de “fragmentação” e do seu papel na produção de conhecimento. Sublinha a dimensão fragmentária da transmissão e da circulação de objectos e artefactos que convergem e transitaram da América para a Europa entre os séculos XVI e XX.
“A publicação do presente volume […] visa dar a conhecer a faceta de prosador do autor. São textos que asseguram o seu rompimento com a tradição clássica de reminiscência oitocentista que se lia na produção literária cabo-verdiana, antes da instauração da modernidade literária em Cabo Verde, ocorrida na ilha de S. Vicente, em Março de 1936, com a publicação da revista Claridade – Revista de Arte e Letras.
[…] a sua faceta de prosador, pouco conhecida, ganha uma dimensão de capital importância na sua obra. Com efeito, além da sua experiência literária, também incorpora nesses textos a vivência do quotidiano cabo-verdiano, em consequência de uma observação atenta do que acontecia no arquipélago, tendo como principal propósito revelar acontecimentos que pareciam ocultos, assumindo assim um importante papel na construção de uma literatura engajada e comprometida, atenta à anotação de aspectos das ocorrências mais simples das ilhas.
Deste modo, Prosa Dispersa de Jorge Barbosa, está dividida em cinco capítulos fundamentais. O primeiro reúne seis artigos e uma recensão crítica; o segundo três entrevistas; o terceiro quatro cartas; o quarto agrupa trinta e nove Crónicas de S. Vicente; e o quinto dois contos.”
“O livro (…) é resultado de múltiplas pesquisas realizadas por autores que têm estudado a história do mundo atlântico, em particular naqueles espaços que de algum modo foram tocados pela expansão portuguesa. Salvador da Bahia, esta cidade atlântica, emerge como centro da atenção de vários dos textos aqui reunidos. Há também capítulos voltados para uma abordagem que amplia o espaço observado e que trazem contribuições importantes para a compreensão de alguns aspectos da história do Atlântico Sul na época moderna. Esta coletânea, última de uma trilogia publicada na coleção Atlântica, estrutura-se a partir de três eixos temáticos: escravidão e tráficos, administração e questões socioeconômicas, poderes e representações. Trata-se, pela qualidade dos textos, bem como pela importância dos temas abordados, de uma significativa contribuição para o conhecimento da história da Bahia e do Atlântico Sul do século XVI ao XVIII.”
O presente livro decorre do projecto «Portugal e o Sul de Marrocos: contactos e confrontos (séculos XV‑XVIII)», financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Assumiu-se uma perspectiva transdisciplinar, congregando uma equipa de historiadores, arqueólogos, arquitectos e especialistas de história da arte. Definiram-se como áreas prioritárias a pesquisa, inventário, estudo e divulgação do património subsistente daquele processo histórico nas suas diversas vertentes, incluindo fontes escritas, iconográficas e cartográficas, legado arquitectónico e arqueológico.
O presente livro decorre do projecto «Portugal e o Sul de Marrocos: contactos e confrontos (séculos XV‑XVIII)», financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Assumiu-se uma perspectiva transdisciplinar, congregando uma equipa de historiadores, arqueólogos, arquitectos e especialistas de história da arte. Definiram-se como áreas prioritárias a pesquisa, inventário, estudo e divulgação do património subsistente daquele processo histórico nas suas diversas vertentes, incluindo fontes escritas, iconográficas e cartográficas, legado arquitectónico e arqueológico.
A alunagem da Apollo 11 foi um acontecimento histórico celebrado em todo o mundo. Determinou o trabalho subsequente ao nível da exploração do espaço, o quotidiano da vida na Terra e uma nova zona do imaginário. Neste volume assumimos a Lua como fronteira, na dupla qualidade de planeta satélite diverso e uno com a Terra, suscitando, dessa forma, produções diversas nos planos intelectual e emocional.
A obra traz, como discussão central, a escrita de mulheres em conventos portugueses da Época Moderna, com foco em dois manuscritos de clarissas do século XVII: o Tratado da fundação do Convento de Jesus de Setúbal, de Leonor de São João, e a Notícia da fundação do Convento da Madre de Deus de Lisboa, atribuído a Maria do Sacramento. Busca-se entender quais modelos serviram de referência para as religiosas que se lançaram na empreitada, mas não descuida dos contextos e interesses particulares que estiveram presentes no momento de sua escrita ou atualização
Desde tempos imemoriais que o elemento água tem sido associado com poder. A intenção deste livro é aprofundar o entendimento da conexão entre água e poder através de uma série de estudos de caso que nos darão informação sobre a enorme versatilidade deste assunto.
Este volume discute, sob diversas perspectivas, a problemática da relação entre senhores e escravos nas sociedades ibero-atlânticas, desde o século XVI até à época contemporânea, oferecendo ao leitor uma visão abrangente e cientificamente fundamentada.
Os textos inéditos que agora se publicam debruçam-se sobre a realidade portuária luso-italiana desde a época tardo-medieval até ao início da época moderna, destacando uma abordagem interdisciplinar que desvenda pormenores outrora despercebidos.
A presente publicação inscreve-se no âmbito das atividades do Seminário Permanente em Estudos Africanos do CHAM. Apresenta uma recolha de contributos de autores que vêm acrescentando novos dados teóricos e críticos sobre textos africanos, a par da introdução, divulgação e análise de produção nos domínios das artes, educação, história e cultura.
Os três primeiros textos são sobre autores ou obras literárias; o quarto explora conexões entre literatura e etnografia; os dois seguintes são sobre cinema, nomeadamente o filme “A Batalha de Tabatô”; segue-se um trabalho sobre Hip-hop em Cabo Verde; e o livro fecha com um trabalho de investigação sobre questões educativas em S. Tomé e Príncipe.
O tema estratégico “Fronteiras” está presente neste volume não só pela evidência da diversidade disciplinar conseguida, mas também pelo facto de os seus textos interpelarem realidades históricas, sociais e do domínio criativo através de novos lugares de exercício crítico.
Produtos, Viagens e Consumos Artísticos compõe o essencial do que foi apresentado e discutido durante o V Colóquio das Velas, que decorreu nas Velas, ilha de São Jorge, de 2 a 4 de Julho de 2015. Centrado nos domínios disciplinares da história da arte, história da arquitetura e do urbanismo, o programa desenvolveu os temas da produção, circulação e consumos artísticos realizados no espaço ultramarino português, ao longo de um arco temporal globalmente situado na Idade Moderna. Visando abordagens que procurassem realçar as noções de fronteiras móveis e reequacionar os moldes em que se processaram as relações entre espaços imbuídos de centralidade orgânica e as suas margens e periferias, o tema do colóquio procurou aprofundar linhas de investigação conectadas com o plano estratégico do CHAM, em torno dos conceitos de “mobilidade” e de “fronteira”.
No alvorecer da Modernidade, os Descobrimentos Portugueses influenciaram, como nenhum outro acontecimento desta época, o interesse alemão em Portugal e no império português.
Devido à Expansão Portuguesa os contactos luso-alemães aumentaram gradualmente e atingiram, nas primeiras duas décadas do século XVI, o apogeu. Esta fase coincide aproximadamente com o reinado de D. Manuel I, o qual contribuiu decisivamente para a intensificação das relações económicas com os mercadores-banqueiros de Nuremberga e de Augsburgo, atraindo-os com privilégios muito favoráveis que conduziram ao estabelecimento de diversas empresas alemãs em Lisboa e à participação directa dos seus representantes em várias viagens à Índia.
Os Welser, os Fugger e outras grandes casas comerciais da Alta Alemanha desempenharam um papel fundamental como fornecedores de cobre e prata, dois metais indispensáveis para efectuar as compras de mercadoria no ultramar português. Deste modo, os mercadores-banqueiros alemães tornaram-se, temporariamente, os parceiros comerciais mais relevantes da Coroa portuguesa.
Estudo monográfico que visa, por um lado, descrever e analisar a expurgação dos livros, tanto de fabrico local como de importação; por outro, fornecer uma bibliografia aprofundada das obras impressas e dos manuscritos do século XVII.
A primeira parte foca-se na noção de microcensura, ainda pouco divulgada. Em Portugal, como nos outros países de Inquisição, além da mera proibição de autores e obras, praticou-se a expurgação textual graças a índices epónimos editados a partir dos anos 1570-1580. Foi elaborada uma metodologia da análise microcensória que permite classificar e avaliar a efectividade das operações realizadas dentro dos livros. Assim, se começa a escrever a história da biblioteca limpa, secção do livro médico, segundo os padrões da cultura pós-tridentina.
A segunda parte intitula-se Bibliografia Médica Lusa (século XVII). Em comparação com a reduzida produção anterior de livros de medicina (22 títulos entre 1496 e 1598), estão aqui catalogados 99 itens de impressos (títulos originais e reedições) e 51 entradas sobre obras manuscritas. Além dos principais dados bibliográficos correntes, cada item está descrito com dados sobre aspetos indispensáveis, sempre que consta nele este tipo de informação: datas das licenças e de privilégio, taxas, título e autor das peças paratextuais, localização dos exemplares a três níveis (Portugal, Espanha, resto do mundo). Contém no fim os seguintes índices remissivos: nomes de autores de impressos e manuscritos, de destinatários de uma dedicatória, de editores e patrocinadores, lugares de edição.
A dupla abordagem, censória e bibliográfica, ajuda a conhecer melhor o mundo do livro e dos seus atores num mercado reduzido e num contexto de controlo apertado.
Território mais amplo do que os seus próprios limites geográficos, espaço de confluências e divergências, Salvador da Bahia oferece-se como lugar histórico de encruzilhadas e marco simbólico de encontros e desencontros entre historiografias. Como o título deste volume deixa transparecer, a cidade é entendida em conexão com outros espaços – baianos, americanos e africanos – e analisada sob novos ângulos. O que faz com que este livro seja uma partilha de estudos sob âmbitos diversos, predominando, entretanto, perspetivas que elegem, maioritariamente, como ponto de partida, geografias extraeuropeias.
Esta publicação resulta dos seguintes projetos de investigação e desenvolvimento:
. Salvador da Bahia: American, European, and African forging of a colonial capital city (BAHIA 16-19), financiado pelo IRSES / Marie Curie Actions (PIRSES-GA-2012-31898);
. Uma cidade, vários territórios e muitas culturas. Salvador da Bahia e o mundo Atlântico, da América portuguesa ao Brasil República, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (2165/2013) e pela CAPES (10395/13-0).
Los trabajos aquí reunidos tratan sobre las relaciones hispano-lusas entre 1580 y 1700 bajo la mirada de la historia global. Naturalmente, podemos seguir leyendo el ciclo portugués de la Monarquía Hispánica con el lenguaje de la historia política, económica y social más o menos convencionales. Sin embargo, el enfoque mundialista también ayuda a reinterpretar la experiencia imperial hispánica. De hecho, los siglos XV a XVIII representaron la primera fase del proceso globalizador contemporáneo. Fue entonces cuando se establecieron sus tres rasgos decisivos: la conexión planetaria consciente e irreversible; la progresiva integración económica, a veces tan dramática, con sus desigualdades y dependencias; y el mestizaje cultural, directo o mediatizado, pacífico o violento.
Portugal inauguró esta nueva era antes que España, aunque la unión de coronas de 1580 imprimió al proceso una energía renovadora cargada de consecuencias. Los protagonistas de este libro son los escenarios conexos de América, Europa, Asia y África, con el fin de buscar respuestas a cómo y por qué una unión que empezó abriendo un horizonte ilimitado a miles de súbditos y territorios, fracasó a causa de una rebelión en la Península pero irradiada hacia ultramar. En cierto modo, la escisión hispano-portuguesa de 1640 supuso también un combate contra la mundialización cuyas repercusiones afectaron a Sevilla, Brasil, México o Goa. Al margen de las consecuencias que para Portugal y España comportó la ruptura ibérica, la globalización ya estaba hecha.
No presente volume, a análise da fronteira é feita a partir de uma longa duração que inclui os séculos medievais até a contemporaneidade, favorecendo não apenas o estudo comparativo no tempo e no espaço, mas também a percepção de mudanças e continuidades produzidas no mesmo fenómeno. Neste sentido, o conceito de “fronteira” é praticamente inesgotável e a casuística em relação ao assunto é quase infinita. Tentar abordá-lo de forma integral no mesmo trabalho, embora com o óbvio problema de extensão, pode ser uma estratégia interessante para superar essas dificuldades.
A intenção deste trabalho é contribuir para a análise de um conceito que gera continuamente um grande número de estudos e que retém uma certa relevância historiográfica. Para o seu estudo, as estratégias de análise devem ser implementadas com metodologias integradas que incluam abordagens comparativas, multidisciplinares, transnacionais e transcultural que ajudem a aprofundar, por sua vez, os parâmetros políticos, culturais e socio-económicos das áreas fronteiriças. (Da “Introdução”).
O mar aparece-nos, hoje, como um factor de união entre o sul peninsular e o espaço norte-africano, e o estreito de Gibraltar como ponto vital de ligação entre os dois continentes. Neste livro, estudam-se as continuidades e rupturas entre os dois lados do estreito no que se refere à cultura material, rotas comerciais e abastecimento, exploração dos recursos naturais, assim como o urbanismo, arquitectura militar e actividades domésticas, nos séculos XIV a XVI.
Os encontros de Jovens em Investigação Arqueológica (JIA) têm como principal objectivo fomentar o contacto, discussão e o conhecimento de trabalhos desenvolvidos por estudantes e investigadores não doutorados em arqueologia. Sob o tema Entre ciência e cultura: da interdisciplinaridade à transversalidade da arqueologia, a oitava edição das JIA foi organizada pelo CHAM e pelo IEM em Lisboa, na FCSH/NOVA, entre os dias 21 e 24 de Outubro de 2015.
Destacam-se os contributos das novas tecnologias para o tratamento de dados arqueológicos, o papel da educação patrimonial e da didáctica na difusão da arqueologia junto das comunidades, mas também temáticas cronologicamente transversais, como a arqueologia urbana, a arqueologia marítima, a arqueologia da paisagem, a microarqueologia ou a zooarqueologia. Surgiram também trabalhos subordinados a questões teórico-práticas desde a Pré-História à Idade Moderna, em que a análise da cultura material assumiu particular destaque.
O evento e as actas que agora o materializam dão um importante passo na difusão de trabalhos rigorosos e inovadores que aplicam de forma prática os conceitos de inter e transdisciplinaridade, no sentido de tornar a nossa cultura e o nosso património pertinentes, presentes e socialmente indispensáveis.
Este livro reúne contributos sobre o Padroado e sobre as missões, revisitando conceitos e perspectivas sobre o tema.
Tratam-se aspectos tão diversificados como o culto e a religiosidade; a arte e a cultura; as missões e o império; a relação da monarquia com a Santa Sé e do Padroado com a De Propaganda Fide; a formação do clero nativo e a acção doCultos catequistas, a criação de seminários e o percurso atribulado das estratégias do Padroado; os caminhos do poder e os confrontos institucionais, os factos e as doutrinas.
Porto admirável desde o final do século XVI, a cidade da Bahia esteve intensamente envolvida no comércio atlântico e no tráfico negreiro. Sendo conjuntamente capital do Brasil colonial e empório universal, metrópole eclesiástica, e, quase à sua revelia, cidade cosmopolita, ela foi, desde então, o lugar de influências diversas e de reconfigurações profundas. Propõe-se, neste volume, uma série de retratos focados nas instituições, bem como nas práticas e representações de atores sociais envolvidos nesta urbe atlântica entre os séculos XVII e XIX.
Em 2012, foi criado um Seminário Permanente de História do Tabaco, entre universidades espanholas e portuguesas, com o objectivo de realizar um estudo comparado da realidade fumageira nos dois impérios ibéricos. O presente livro resulta do trabalho de vários investigadores internacionais e tenta pôr em relação os elementos básicos do Sistema Atlântico Ibérico, entre os séculos XVII-XIX: por um lado, os monopólios de tabaco integrados na realidade imperial, por outro, o papel jogado pelo escambo esclavagista no complexo tabaqueiro.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII as dimensões identitárias do mundo ibérico foram objecto de intensos debates. Muitos foram os que, na Península Ibérica, em outros pontos da Europa, nas Américas e, ainda, na Ásia, se dedicaram a repensar os traços identitários.
Nesses anos de grandes mudanças e marcados, a partir de 1668, pela separação política entre Portugal e a Monarquia espanhola, foram discutidos, por vezes com grande intensidade, os atributos (religiosos, corporativos, jurisdicionais, nacionais, étnicos, linguísticos, etc.) não só dos castelhanos e dos portugueses, mas também dos aragoneses, dos catalães, dos biscainhos, dos variados grupos criollos das Índias de Castela ou dos moradores das diversas partes da América portuguesa. Tais debates tiveram como «pano de fundo» a desagregação do grande projecto católico de dominação universal e, também, o desenvolvimento, na Europa setentrional, de novos modelos de organização social e política, dirigidos tanto para o Velho Mundo, quanto para os territórios coloniais.
Os estudos reunidos neste livro versam sobre esta problemática. Analisando um variado conjunto de debates sobre os traços identificadores do mundo ibérico, este conjunto de trabalhos é revelador do carácter relacional e processual das noções identitárias, bem como das disputas e das negociações que tais noções suscitaram, tanto na Europa, quanto fora dela, durante os séculos XVII e XVIII.
Neste volume viaja-se no tempo e no espaço, a partir da centralidade jorgense, em busca de memórias escritas e visuais, bem como de olhares sobre diversas geografias espaciais e temporais, reunindo um conjunto diversificado de depoimentos e de reflexões sobre a realidade insular no contexto do arquipélago dos Açores e do mundo. O diálogo entre o que se viu e registou com o que se recorda, se perdeu e/ou se (re) constrói, pode ser equacionado numa dimensão institucional, política, social, económica e cultural.
Os estudos reunidos neste volume seguem têm dois objectivos principais e orientadores: o de conhecer melhor as temáticas da história rural em desaparecimento e o de afirmar, inequivocamente, que estas podem constituir-se como abordagens significantes no contexto das novas tendências da contemporaneidade.
Esta edição reúne um conjunto de estudos sobre escravatura insular atlântica, procurando, em primeiro lugar, chamar a atenção para um fenómeno que, nos Açores, tem permanecido um pouco à margem das discussões historiográficas. Por outro lado, importava também cruzar abordagens territorialmente distintas, de modo a entender o fenómeno numa perspectiva mais alargada e abrangente. Neste sentdo, estudos sobre os Açores, Cabo Verde e S. Tomé, bem como sobre as fontes que os alicerçam, serviram de mote para a descoberta destes «anónimos» da história que, paradoxalmente, suportaram e construíram importantes sociedades atlânticas.
Este texto, escrito durante a primeira metade do século XVII, reflecte a experiência de muitos portugueses que no período da união das coroas ibéricas circularam pelo território andino, muitos deles dedicados ao comércio. Os artigos que acompanham a edição abordam esta circulação entre impérios, a partir de diferentes perspectivas, mostrando as relações que existiram entre os súbditos ibéricos, à margem da separação legal estabelecida em Tomar.
O leitor interessado em aspectos como o comércio, a natureza do território peruano, a sua geografia e agricultura encontrará na Descrição… um manancial de informação muito pormenorizado, bem como sobre os diferentes grupos humanos que vivam e circulavam no Peru. A edição tem dois tipos de notas: por um lado, notas de carácter histórico, com o objectivo de esclarecer termos e conceitos próprios da história colonial peruana e hispano-americana e, por outro, comentários à tradução que pretendem chamar a atenção sobre peculiaridades linguísticas da Descrição... Por fim, editamos a transcrição de um documento relacionado com o processo inquisitorial que o autor sofreu, conservado no Arquivo Histórico Nacional de Madrid.
[Tradução de Isabel Araújo Branco & Ana Silva; e notas de António Castro Nunes]
Ao longo das últimas duas décadas a historiografia tem dedicado especial atenção ao período durante o qual Portugal fez parte da Monarquia Hispânica (1581-1640), tornando-o numa das épocas mais bem conhecidas da trajectória histórica portuguesa. O presente volume visa, precisamente, fazer um balanço das investigações mais recentes sobre o Portugal dos Áustrias, reunindo as comunicações apresentadas nas V Jornadas Internacionais da Red Columnaria – História das monarquias ibéricas, realizadas em Lisboa no final de 2009 e organizadas por um conjunto de instituições universitárias.
As investigações reunidas neste volume analisam não apenas os factores que propiciaram a integração de Portugal no universo dos Áustrias, mas também as tensões e os conflitos entre as instituições e os grupos sociais portugueses, por um lado, e, por outro, as autoridades hispânicas, tanto na Europa quanto nos territórios ultramarinos de Portugal e de Castela. No seu conjunto, estes estudos retratam o papel que os portugueses desempenharam no âmbito político, económico e cultural hispânico durante os sessenta anos em que Portugal fez parte da Monarquia Espanhola, proporcionando uma imagem aprofundada e inovadora deste período tão rico da história ibérica.
A presente obre reúne os textos da maioria dos participantes no Congresso Internacional de Arqueologia Moderna, que decorreu em Abril de 2011 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Os textos apresentam resultados provenientes de contextos académicos ou de salvamento, pertinentes para a discussão de diversas temáticas balizadas nos séculos XV a XVIII, tanto em contexto europeu, como em espaços colonizados. Além de se pretender impulsionar o desenvolvimento da arqueologia moderna, procurou-se lançar pontes de contacto entre comunidades arqueológicas espalhadas em diversas partes do mundo, nomeadamente aquelas que centram a sua investigação em torno dos reinos ibéricos e da sua expansão mundial.
A presente obre reúne os textos da maioria dos participantes no Congresso Internacional de Arqueologia Moderna, que decorreu em Abril de 2011 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Os textos apresentam resultados provenientes de contextos académicos ou de salvamento, pertinentes para a discussão de diversas temáticas balizadas nos séculos XV a XVIII, tanto em contexto europeu, como em espaços colonizados. Além de se pretender impulsionar o desenvolvimento da arqueologia moderna, procurou-se lançar pontes de contacto entre comunidades arqueológicas espalhadas em diversas partes do mundo, nomeadamente aquelas que centram a sua investigação em torno dos reinos ibéricos e da sua expansão mundial.
A temática dos impérios conheceu nas últimas décadas um novo fôlego, associado em parte ao surto da Atlantic history, da world history e da global history – e às críticas que lhe são dirigidas -, mas decorre igualmente da constatação de que não é possível pensar a história mundial sem uma referência às formações e às ideologias imperiais.
Neste volume analisa-se a unidade do mundo atlântico e o impacto das reformas ensaiadas no século XVIII, sobretudo nos espaços ibéricos, das «frondas» e revoltas e das guerras napoleónicas na gradual transformação das relações entre os centros políticos europeus e as suas periferias, e na desagregação imperial no mundo atlântico na viragem para um novo século.
Este volume reúne trabalhos de vários investigadores que mostram o relevo da presença italiana no Império português e a centralidade de Lisboa na história desta comunidade e, em particular, a importância da Igreja de Nossa Senhora do Loreto dos Italianos edificada pelos própios italianos em 1518. A diversidade dos tópicos abordados reflecte bem a importância da interdisciplinariedade no estudo das relações luso-italianas e na análise sócio-económica da comunidade italiana em Lisboa.
Este livro reúne 15 artigos unidos por um denominador comum, o Brasil colonial, e por uma época predominante, o século XVIII.
Partindo da noção de que o conhecimento é uma forma de poder, a autora pretende entender como a utilização do saber produzido ao longo de setecentos foi particularmente útil na governação da América Portuguesa, utilizado por governantes como meio de controlo do espaço, da natureza e da humanidade.
Este conhecimento permitiu também o descobrimento da colónia brasileira pelos europeus de setecentos, com repercussões evidentes na formação de uma consciência europeia e na formulação de imagens sobre o Império Português e os portugueses, que acentuaram as diferenças culturais, políticas, económicas e científicas existentes, pondo em causa uma visão uniforme da Europa das Luzes.
Este livro, assim como o seminário internacional que o antecedeu, pretende analisar questões relativas à administração nas monarquias ibéricas nos séculos XVII e XVIII abordando aspectos que merecem ainda pesquisas aprofundadas.
Os investigadores de diversas instituições espanholas e portuguesas que participaram do evento ocorrido no CHAM/UNL-UAc, que ulteriormente contribuíram para com este volume, pertencem ao grupo dos historiadores que se dedicam a estudar três aspetos específicos da história administrativa e institucional: o provimento dos ofícios nos Reinos ibéricos e nas suas conquistas, o controle que exerciam as Coroas sobre a atuação destes homens nomeados para as representar, e por fim, a venalidade régia ou particular desses mesmos cargos “públicos”. São temas que aqui ganham análises isoladas, mas que se entrelaçam e reciprocamente se condicionam. Espera-se que os resultados das investigações aqui reunidos, alguns reportando-se a temas antes escassamente conhecidos, ajudem a lançar uma nova luz sobre a «administração pública» do passado.
Apesar de alguns estudos terem mais de uma década, cremos que não perderam a actualidade, sobretudo devido à base heurística que os sustenta, e será possível aos leitores confirmar, no essencial, que uma preocupação com o enquadramento teórico esteve sempre presente e que existe um traço de união entre todos eles. A sua selecção procurou corresponder ao prazer que o autor teve na redacção de alguns e à boa recepção que encontrou nos leitores, nomeadamente colegas de ofício que os leram e comentaram, em uma ou outra ocasião, possibilitando reavaliações e abrindo novas pistas, neste constante processo de aprendizado que é o fazer e refazer a história.
A apresentação dos estudos neste livro não segue a data original de publicação, mas uma sequência de organização temática e cronológica, e foram respeitadas as edições originais, com correcções menores. Na primeira secção, “Da geografia”, reunimos textos que tratam das questões da localização e das representações geográficas das ilhas e do seu papel na génese de uma primeira modernidade.
Na segunda secção, “Da sociedade”, surgem vários escritos que traduzem o que tem sido o eixo central da nossa investigação desde há mais de duas décadas, os grupos e as dinâmicas sociais, com particular enfoque nas elites locais. Por fim, em “Do reformismo setecentista”, apresentam-se dois textos mais recentes nos quais abordamos o problema das reformas operadas nos Açores no século XVIII e dos seus intérpretes, numa perspectiva crítica, mas sustentada, de leituras a priori que ainda se podem encontrar na bibliografia corrente.
Os estudos reunidos neste volume incidem em duas questões principais: a relação conflitual entre a missão messiânica que o jesuíta António Vieira atribuiu à monarquia portuguesa e os universalismos encarnados pela monarquia espanhola e pela igreja católica; a ligação entre Vieira e Roma, entendida à luz do processo inquisitorial a que foi sujeito e das interacções com o ambiente político, diplomático e cultura romano por ocasião das suas duas estadias, em 1650 e entre 1669 e 1675.
No seu conjunto, os trabalhos aqui reunidos mostram que, em pleno século XVII, e mesmo tratando-se de uma época em que a ideologia imperial declinava, as visões universalistas e messiânicas desfrutavam ainda de um lugar muito central na cultura política europeia. Este livro demonstra que a obra de António Vieira ocupa, nesse quadro, uma posição de grande relevo.
Don García de Silva y Figueroa era um homem culto, com estudos feitos em Salamanca. Como um viajante moderno, preparou minuciosamente a sua viagem à Pérsia, através da consulta de numerosos trabalhos de história e de geografia. Sendo um diarista compulsivo, redigiu durante o seu longo périplo oriental dezenas de cartas, e também um volumoso relato de viagens, com escalas em Goa, Mascate e Ormuz, assim como a inacabada viagem de regresso à Europa.
Os volumes 3 e 4 da edição crítica dos Comentários apresentam o índice alfabético anotado e um conjunto alargado de estudos preparados por um grupo internacional de especialistas, que permitem conhecer melhor não só a figura do autor, como os seus Comentários e o contexto em que se desenvolveu a sua missão diplomática à corte safávida.
Don García de Silva y Figueroa era um homem culto, com estudos feitos em Salamanca. Como um viajante moderno, preparou minuciosamente a sua viagem à Pérsia, através da consulta de numerosos trabalhos de história e de geografia. Sendo um diarista compulsivo, redigiu durante o seu longo périplo oriental dezenas de cartas, e também um volumoso relato de viagens, com escalas em Goa, Mascate e Ormuz, assim como a inacabada viagem de regresso à Europa.
Estes dois primeiros volumes da edição crítica dos Comentários apresentam uma transcrição rigorosa do manuscrito autógrafo, que se conserva em Madrid, na Biblioteca Nacional de Espanha.
Don García de Silva y Figueroa era um homem culto, com estudos feitos em Salamanca. Como um viajante moderno, preparou minuciosamente a sua viagem à Pérsia, através da consulta de numerosos trabalhos de história e de geografia. Sendo um diarista compulsivo, redigiu durante o seu longo périplo oriental dezenas de cartas, e também um volumoso relato de viagens, com escalas em Goa, Mascate e Ormuz, assim como a inacabada viagem de regresso à Europa.
Estes dois primeiros volumes da edição crítica dos Comentários apresentam uma transcrição rigorosa do manuscrito autógrafo, que se conserva em Madrid, na Biblioteca Nacional de Espanha.
A realidade historiográfica conformada pelos numerosos estudos sobre o Portugal Habsburgo, também denominado Portugal dos Áustrias, Portugal Hispânico ou Portugal dos Filipes, alcançou a maturidade. São apresentadas, no presente livro, algumas das actuais linhas de investigação neste campo de estudo, através de trabalhos centrados em aspectos da história de Portugal e dos seus territórios ultramarinos durante o período da União Dinástica, numa grande variedade temática e de campos de análise.
As representações construídas sobre os povos resultam do conhecimento, interpretação e comparação da história, cultura, vida material e organização das diversas gentes em cada local, a começar, desde logo, pela imagem que fazem de si próprias e que exibem para os outros. O olhar sobre África e dela sobre o mundo, nos dias de hoje, em contexto de globalização e de intensificação dos fluxos de gentes, bens e ideias, com relevo para as migrações transnacionais, exige um renovado esforçado de compreensão. É esta a finalidade deste livro que reúne estudos de diversos autores.
Don García de Silva y Figueroa era um homem culto, com estudos feitos em Salamanca. Como um viajante moderno, preparou minuciosamente a sua viagem à Pérsia, através da consulta de numerosos trabalhos de história e de geografia. Sendo um diarista compulsivo, redigiu durante o seu longo périplo oriental dezenas de cartas, e também um volumoso relato de viagens, com escalas em Goa, Mascate e Ormuz, assim como a inacabada viagem de regresso à Europa.
Os volumes 3 e 4 da edição crítica dos Comentários apresentam o índice alfabético anotado e um conjunto alargado de estudos preparados por um grupo internacional de especialistas, que permitem conhecer melhor não só a figura do autor, como os seus Comentários e o contexto em que se desenvolveu a sua missão diplomática à corte safávida.
Trabalho de investigação baseado em múltiplos textos de filiação masculina, que permitem o acesso à mentalidade dominante; o esboço de caracterização da cultura andriarcal perante o qual o heterogéneo segmento populacional feminino se situava; e a identificação dos códigos sociais impostos às mulheres, atendendo à multicultural sociedade de Macau.
A competição entre os Portugueses e os demais europeus pelo domínio das rotas da Ásia e pela afirmação de zonas de influência nesse continente longínquo, começou antes da viagem de Vasco da Gama, com as expedições castelhanas e inglesas em direcção ao Ocidente. Prosseguiu, depois, de forma discreta, ao longo dos século XVI, quando só a Coroa castelhana foi capaz de desafiar pontualmente a hegemonia portuguesa, sobretudo após o estabelecimento nas Filipinas. O monopólio lusos da rota do Cabo afastou as outras potências do Índico enquanto a Coroa portuguesa era capaz de manter uma polítia de neutralidade europeia e de fornecer aos seus parceiros comerciais os produtos orientais tão desejados.
Após a integração na monarquia filipina, Portugal sujeitou-se a uma nova política externa, marcada pelo conflito com os seus antigos aliados, a Inglaterra e os Países Baixos. Após a derrota da Invencível Armada, o Índico tornou-se acessível para os inimigos de Madrid e de Lisboa, e o Estado da Índia foi surpreendido pela chegada de rivais inesperados, que tinham os meios humanos e militares capazes de romper com as tradições asiáticas a que os Portugueses se tinham adaptado numa situação de supremacia.
Edição da obra prima do Padre Sebastião do Rego, Chronologia da Congregação do Oratório de Goa, manuscrito de 669 páginas, existente na Biblioteca da Ajuda, antecedida de um estudo introdutório. Conserva grande interesse para a missionologia, para a História de Goa, do Canará e sobretudo do Ceilão, pelo seu vasto manancial de natureza religiosa, social, geográfica e antropológica.
Após a fundação da Companhia das Índias, em 1600, a Inglaterra inicia o longo processo de expansão comercial e colonial da Ásia, entrando os objectivos comerciais dos mercadores norte-europeus em confronto com os interesses portugueses no Oceano Índico e no Extremo-Oriente, nomeadamente na China e no Japão. A edilidade local de Macau, sobretudo a partir do fim do comércio com Nagasáqui, tenta, a todo o custo, defender o seu monopólio comercial no Império do Meio.
Do cruzamento de um amplo conjunto de fontes inflesas, portuguesas e chinesas surge uma imagem multidimensional da presença britânica no enclave luso-chinês durante os séculos XVII e XVIII, cuja marca é ainda hoje visível na paisagem humanizada da cidade. Os materiais de arquivo estudados permitem, assim, reconstruir quer os primeiros frutos do «China trade», as tentativas de estabelecimento da Companhia das Índias na China, e o consequente aumento da influência inglesa em Macau.
A aclamação do duque de Bragança como rei de Portugal em Dezembro de 1640 legitimava-se através da preservação de uma certa constituição política do reino ameaçada pelas crescentes intervenções de Madrid.
O ultramar via-se desprovido de um órgão capaz de conciliar os diferentes interesses consolidados durante 60 anos de agregação à monarquia católica. O Conselho Ultramarino teve que disputar, nem sempre com sucesso, a preservação do seu papel de principal interlocutor junto do rei nos assuntos das conquistas, recorrendo a diferentes estratégias de legitimação com vista a reforçar a sua posição.
O apego dos conselheiros ultramarinos à preservação de suas jurisdições e a uma concepção de serviço à monarquia que colidia frontalmente com os interesses imediatos do novo regime, contudo, mais prejudicou do que favoreceu a sua preservação. A manutenção do conselho por D. João IV deveu-se, principalmente, à natureza das práticas políticas coevas e ao próprio discurso legitimador da nova dinastia, que implicava o respeito pela constituição política do reino e o governo conciliar.
Esta obra trata-se da primeira História de São Tomé, relatando mais de 250 anos de acontecimentos olhados de forma marcadamente pessoal por Manuel do Rosário Pinto, seu autor.
O texto, de cerca de 1734, não chegou a ser publicado em vida do autor. Excluído o «catálogo» de monarcas, governadores e bispos, trata-se, de certo modo, de uma auto-biografia e de um livro de combate, procurando justificar os factos em que foi participante activo. Surpreendentemente, porém, toda a obra revela um respeito pelas fontes, transcrevendo ou resumindo um bom número de documentos, alguns deles actualmente perdidos.
A presente edição apresenta, além de uma introdução crítica, a transcrição paleográfica do livro de Manuel do Rosário Pinto e uma versão em português moderno, enquadrada por um volumoso corpo de notas. Um anexo documentas e um detalhado índice analítico completam o volume.
A pequena fidalguia e a baixa nobreza desempenharam nas águas do Índico, ao longo de Quinhentos, a liderança global do estabelecimento luso na região, assumindo simultaneamente o controlo do comércio, a condução da diplomacia, a administração da Justiça e das Finanças, a capitania das armadas e das fortalezas e, obviamente,o comando da guerra. Os estudos reunidos neste volume mostram que o empenho dos principais senhores do Reino na construção do Estado da Índia, à época de D. Manuel I, foi mínimo.
Todos os colaboradores deste volume foram discípulos de Aubin ou de Lombard. Muito foi o que deles aprenderam, não só de ciência feita como, sobretudo, da arte de fazer ciência, interrogando a História.
À excepção dos três primeiros estudos da colectânea, que analisam aspectos da vida interna, política, cultutral ou social, do Portugal quinhentista, todos os demais artigos se situam sobre essa subtil fronteira entre a Europa e o mundo que estava em toda a parte sem se estar em parte nenhuma.
O volume inclui ainda a edição anotada das cartas do sultão Bahadur do Guzerate a D. João III e a Nuno da Cunha, redigidas em persa e conservadas na Torre do Tombo; a de uma missiva otomana redigida em grego; e a de uma série de documentos sobre os documentos sobre os portugueses em Sunda na década de 1520, acompanhada da tradução das partes de uma crónica javanesa que focam o mesmo período, crucial para a islamização de Java. Encerra a colectânea a bibliografia completa de ambos os autores.