Traz esta Medievalista outro dossier temático, coordenado por três editores convidados — Amandine Le Roux, Esther Tello Hernámdez e Mário Farelo — e dedicado à fiscalidade eclesiástica, uma área de estudos de afirmação mais recente. Com uma geografia sobretudo meridional, da Península à Sicília e a Roma, trata-se nele a fiscalidade apostólica, melhor conhecida, sem esquecer a utilização das rendas da Igreja em benefício dos poderes régios, ou mesmo senhoriais, no caso da dízima. Importa destacar a atenção aos agentes fiscais e aos livros de registo e de contabilidade, e, sobretudo, a história muito lenta dos dispositivos fiscais, sempre sujeitos a resistências de vária ordem e a uma negociação contínua entre todas as partes envolvidas. Tem este número outros motivos de interesse, em particular os artigos em destaque de Hilário Franco Júnior e de Arsénio Dacosta, um sobre as concepções medievais do espaço e do tempo, o outro sobre as geografias imaginárias da cultura letrada da nobreza peninsular.